Contexto
A cada dia que passa, a conscientização acerca da importância de um estilo de vida saudável só cresce. O aumento da longevidade, a busca pela sensação de bem-estar e a preocupação com a beleza e o corpo são fatores que levam as pessoas a se informar a respeito do tema. Esse é um segmento que só cresce no Brasil, produtos com esse foco são lançados diariamente. Práticas como ter uma alimentação mais equilibrada, realizar atividade física rotineiramente, ingerir água e ter um sono de qualidade são atitudes que podem trazer muitos benefícios. Essa crescente conscientização já vem ocorrendo há algum tempo. Contudo, esse aumento não tem refletido em um nível de saúde global maior.
E é isso que nos aponta a pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2019, um a cada quatro adultos no país sofrem de obesidade. Houve um aumento significativo na porcentagem de excesso de peso, que em 2002/2003 era de 43,3% e no ano da pesquisa já chegava em 61,7%. A pesquisa apontou também que o percentual de pessoas obesas em idade adulta no país mais do que dobrou em 17 anos, como mostra o gráfico apresentado por eles:
Modificar comportamentos não é tarefa fácil, mesmo quando necessário. Abrir mão de velhos hábitos para adquirir novos pode ser desafiador e demorado. Isso acontece, pois, um aumento no conhecimento não se transforma, necessariamente, em um aumento de atitudes e ações concretas com base nesse conhecimento.
Como exemplo, na década de 90, houve uma campanha nos Estados Unidos da América feita para aumentar a ingestão de frutas e legumes da população, intitulada “5 a day for better health”. A campanha teve tanto sucesso que dos 8% dos americanos que sabiam que deveriam ingerir pelo menos 5 porções de frutas e legumes, o número cresceu para 39% dos americanos em seis anos.
Contudo, o número de pessoas que efetivamente consumiam 5 porções se manteve inalterado ao longo do tempo em 11% da população. Dados esses baseados nas pesquisas “5 a day for better health program evaluation report”, elaborado pelo NCI (Instituto Nacional de Câncer dos EUA) e no artigo “Have Americans Increased Their Fruit and Vegetable Intake? The trands between 1988 and 2002”, publicado no NLM (repositório online da biblioteca nacional de medicina norte americana).
Além do exemplo dado acima, vemos que o problema da falha humana em não conseguir transformar conhecimento em aplicabilidade, acontece em diversas conjunturas.
Outros exemplos podem ser dados como a quantidade de profissionais da área da construção civil que sabem da obrigatoriedade da utilização de equipamento de proteção individual, mas que não utilizam o EPI. E o mesmo acontece, inclusive, em laboratórios com riscos químicos e biológicos, onde uma breve busca na internet revela diversas consequências por conta de profissionais falhando em seguir o protocolo.
Com esse contexto em mente, vislumbramos a possibilidade de utilizar a tecnologia para diminuir essa disparidade entre conhecimento e ação.
Sucede que para utilizarmos a tecnologia ao nosso favor, antes devemos refletir sobre algumas questões:
- Como transformar o conhecimento em ação?
- Como transformar ação em hábito?
- O que impede as pessoas de tomarem ação?
- O que incentiva as pessoas a tomarem ação?
Sem ter a ambição de responder tais perguntas, nos baseamos em livros acerca do tópico que se fundamentam em evidências científicas e que dão sugestões de como atingir o resultado que gostaríamos de auxiliar os usuários a conseguirem.
Resumidamente, as três bases para formação de hábitos são: o contexto, a repetição e a recompensa.
Considerando o contexto, as soluções que parecem mais simples muitas vezes são as mais eficazes, uma vez que elas apresentam uma curva de aprendizado menor e um nível de esforço mais adequado para quem está iniciando um novo hábito.
A repetição deve ser incentivada, mas aprofundando os desafios do nosso projeto, devemos testar o que virá a ser mais efetivo como incentivo. O mesmo desafio se aplica a recompensas, onde pode se tornar muito individual o que é percebido como recompensa.
De todo modo, teorias demonstram que levamos em torno de 21 dias de repetição para inserir um hábito em nossas rotinas, então pretendemos trabalhar com esse espaço de tempo para incentivar e recompensar.
Diante dessa realidade, enxergamos uma necessidade e uma oportunidade. A necessidade é solucionar o problema que as pessoas têm de não conseguirem desenvolver hábitos saudáveis. E a oportunidade é criar uma plataforma que foque em auxiliar as pessoas a vencerem a procrastinação e conseguir desenvolver uma rotina mais saudável, melhorando assim efetivamente a sua qualidade de vida no curto e a longo prazo, através da prática regular de exercício físico e alimentação saudável e adequada.
O objetivo principal do nosso sistema é auxiliar pessoas a desenvolverem hábitos saudáveis de uma forma simplificada e objetiva. Acreditamos que simplificar as decisões que uma pessoa precisa tomar para manter sua motivação e seu foco, é a melhor forma de evitar que ela se sinta sobrecarregada e desmotivada. Então, para atingir esse objetivo, definimos os seguintes objetivos específicos:
Objetivos específicos:
- Permitir que o usuário registre suas refeições em um diário alimentar;
- Permitir o registro de atividade física diária;
- Recompensar o registro ininterrupto de atividade física ao longo de uma semana;
- Facilitar o acompanhamento com uma UI/UX simples e agradável;
Existem pessoas que já seguem algum tipo de rotina de alimentação saudável, mas não realizam atividades físicas. Outras, já tem o hábito de praticar atividades físicas regularmente, mas não veem resultados por não se alimentarem corretamente. Algumas outras estão sempre começando do zero, mas que, por causa da falta de hábito, não conseguem manter a constância para consolidar hábitos que beneficiam sua qualidade de vida.
Objetivando encontrar formas de auxiliar essas pessoas a alcançarem os resultados desejados, tanto no aspecto físico quanto na saúde, reunimos duas funcionalidades que consideramos fundamentais: diário de alimentação e registro de atividade física. Acreditamos que esses dois hábitos estão diretamente relacionados a resultados de saúde, aumento do bem-estar e melhoria das questões estéticas.
Considerando que já existem muitas ferramentas online disponíveis com esses propósitos, sabemos que oferecer a funcionalidade não é o bastante para atingir nossos objetivos, precisamos inovar na abordagem para que essas funcionalidades sejam soluções eficientes.
Cientes também de que muitas tecnologias caem em desuso por uma má experiência de usuário e que uma boa experiência do usuário pode, inclusive, criar novos hábitos, decidimos abordar o desenvolvimento da nossa ferramenta como algo iterativo e incremental desde a primeira versão pré-alpha, que buscará se aperfeiçoar para atingir e ampliar seus impactos sociais.
Embora todas as pessoas possam se beneficiar de uma solução tecnológica que auxilie para a formação de hábitos alimentares saudáveis e da prática de exercício físico sabemos que a proximidade com a tecnologia é um fator determinante. Dessa forma, os usuários devem fazer uso frequente de computadores e dispositivos móveis com acesso à Internet, o que representa 78,3% da população brasileira segundo dados da PNAD Contínua realizada em 2019.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil é o país mais sedentário da América Latina e ocupa a quinta posição no ranking mundial. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE, apontam que cerca de 47% dos brasileiros são sedentários. Entre os jovens o número é maior e ainda mais alarmante: 84%.
Diante desses dados nosso foco está em dois grupos de pessoas: aquelas que são sedentárias e se alimentam mal, mas que desejam adquirir um estilo de vida mais saudável desenvolvendo bons hábitos, e aquelas que já são adeptas a uma vida mais ativa e com boa alimentação, mas desejam melhorar sua rotina e que, para isso, desejam utilizar alguma ferramenta tecnológica onde possam acompanhar a evolução de seus hábitos em relação a prática de exercício e alimentação, e assim se manterem motivadas a continuar.
Desta forma, visamos pessoas que estejam familiarizados com tecnologia, mas que já enxergam, por conta da maturidade, mais necessidade na adesão de um estilo de vida saudável, resultando numa faixa etária de 30 a 50 anos, tanto homens quanto mulheres.